Duas irmãs, uma prima e a melhor amiga delas, ainda longe de enfrentar a vida adulta, mas com um punch de dar inveja a bandas que já estão na estrada há anos – assim é o quarteto The Linda Lindas.
Mila de la Garza (10 anos de idade), Eloise Wong (13 anos), Lucia de la Garza (14) e Bela Salazar (16) formaram a banda em 2018 e hoje dão sangue novo ao movimento riot grrrl.
No final do ano passado, surgiu uma estreia múltipla da banda. Exclusivamente em versão digital, dois singles e um EP saíram no mesmo dia. O extended play vem com quatro faixas ótimas, que lembram o pop punk das Go-Go’s e outros grupos femininos dos anos 80. Mesmo sem idade para votar, elas reforçam a importância do ato no single “Vote!”. O outro, “Claudia Kishi”, é da trilha sonora do curta-metragem The Claudia Kishi Club, sobre a vida de uma menina norte-americana de família japonesa. The Linda Lindas também aparecem na trilha sonora do divertido filme Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta, que levanta o debate do feminismo entre as novas gerações. Para o longa-metragem, elas fizeram covers de “Rebel Girl”, da Bikini Kill, e “Big Mouth”, da genial The Muffs.
No entanto, The Linda Lindas ficaram realmente conhecidas com sua gravação mais recente. As meninas se apresentaram em uma biblioteca pública em Los Angeles e dali saiu um video de uma música nova sobre o que elas, de origem oriental e latina, por vezes enfrentam. “Racist Sexist Boy (Live at LA Public Library)” viralizou e agora já beira 1 milhão de visualizações no YouTube. A música foi composta pela baterista, Mila, e Eloise, a baixista, depois de uma situação ridícula. “Um pouquinho antes de entrarmos no lockdown, um cara da minha sala de aula chegou pra mim e disse que seu pai o tinha avisado para ficar longe de pessoas chinesas”, Mila conta em uma entrevista à revista online Consequence of Sound. “Depois que eu disse pra ele que eu era chinesa, ele se afastou de mim.”
The Linda Lindas também vêm arrebatando fãs no meio musical. Entre os novos fãs do primeiro escalão tem gente como Thuston Moore (Sonic Youth) e Tom Morello (Rage against the Machine/ Audioslave). A Epitaph gostou tanto das meninas que fechou um contrato com elas. “A gravadora nos deixou com controle criativo total sobre nosso trabalho e nos dá muito apoio com que queremos como banda”, Lucia, uma das vocalistas e guitarristas do grupo, explica. “A gente está louca pra ter mais músicas”. Nós também.
Texto: José Julio do Espirito Santo
Fotos: Jess Cowan/Matt Cowan