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Sea Shepherd, o ativismo nos mares

Conheça a história da Sea Sheperd, essa sociedade que luta pela biodiversidade oceânica e seu criador, Paul Watson, grande ambientalista e ativista, reconhecido mundialmente como um dos 100 maiores heróis da história.

Sea Shepherd Conservation Society (SSCS) é uma organização internacional sem fins lucrativos para a conservação da vida marinha. Ela tem uma postura ativa, com o uso de técnicas de ação direta não violenta na proteção, documentação e investigação dos animais marinhos, e, quando necessário, expõe e confronta atividades ilegais em alto-mar. A organização defende e salva a biodiversidade dos ecossistemas marinhos, garantindo a sobrevivência para as próximas gerações.

A organização surgiu da Earth Force Society, fundada por Paul Watson em Vancouver, no Canadá, em 1977. O objetivo de ambas organizações era proteger e conservar mamíferos marinhos, tendo como primeira meta o fim da caça ilegal às baleias e focas. Posteriormente, a Sea Shepherd expandiu sua missão incluindo toda a vida marítima. 

Hoje, a Sea Shepherd conta com escritórios na Austrália, Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, França, África do Sul e no Brasil, localizado em Porto Alegre.

Com o apoio financeiro do ativista pelo direitos dos animais Cleveland Amory, fundador do Fund for Animals, em 1978 a Sea Shepherd comprou seu primeiro navio, batizado com o nome da própria sociedade conservacionista de Watson. Sua primeira missão foi viajar rumo às águas gélidas do Leste do Canadá para interferir na matança de filhotes de focas-da-groenlândia em março de 1979. Também no mesmo ano, perseguiu e atacou o navio-baleeiro pirata Sierra num porto português, acabando com sua carreira de fantasma dos mares.

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O sucesso da campanha contra a caça às focas e o abalroamento do Sierra marcaram o início das 160 viagens históricas da Sea Shepherd. Seu ativismo assumiu um papel de fiscalização dos mares e execução de leis internacionais de conservação onde elas não se aplicam.

Em 1960, Paul Watson virou membro do Kindness Club, instituição para crianças que trabalhava em prol da vida selvagem, fundada pela professora, escritora e defensora do bem-estar animal Aida McAnn Flemming. Em uma ocasião, castores protegidos por Watson foram mortos, e o mesmo anunciou, então com 9 anos de idade, que confiscaria e destruiria as armadilhas de mandíbulas – instrumento composto de dois arcos dentados, uma mola, e um gatilho no meio. Watson também não deixou de perturbar os caçadores de patos e cervos na região.

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Paul Watson é considerado uma das mais importantes figuras dos movimentos em prol do meio ambiente e dos direitos dos animais. Ele foi um dos primeiros membros do Greenpeace juntamente com Robert Hunter, em 1969. Ele começou auxiliando e organizando uma viagem pela costa canadense e norte-americana no Oceano Pacífico em protesto contra testes com armas nucleares. 

O Greenpeace também é uma organização não governamental ambiental. Sua principal sede fica em Amsterdam, na Holanda, e tem mais de 55 escritórios espalhados pelo mundo. Atua na preservação do meio ambiente e no desenvolvimento sustentável. Porém, o foco da luta está na sensibilização da opinião pública através de atos que geram publicidade, sempre buscando a ação direta porém pacífica. 

Uma das histórias mais marcantes da atuação de Paul Watson junto ao Greenpeace aconteceu em 1977, quando liderou uma grande campanha de oposição à caça às focas na Costa de Labrador, juntamente com a atriz Brigitte Bardot. No entanto, os dois seguiram para as massas de gelo para assim chamar a atenção internacional para a matança de focas. Após um período, ele se algemou a uma pilha de peles de focas anexada ao guincho do navio, tentando fazer com que os caçadores cessassem a atividade. Quando eles perceberam, arrastaram a pilha de peles com Watson, trazendo-o pelo gelo, balançando seu corpo no ar, batendo-o contra o casco do navio, descendo e o mergulhando na água gelada. Repetiram esse movimento por diversas vezes até Watson perder a consciência. Por sorte, os oficiais do Ministério da Pesca chegaram e conseguiram salvá-lo. Porém, antes do resgate, ele foi chutado, arrastado e sufocado pelos caçadores.

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No mesmo ano, Watson deixou a fundação Greenpeace por desacordos sobre as táticas de ação, a estrutura burocrática da organização e a não autorização em liderar outra campanha de ação direta em defesa das focas. A necessidade de agir diretamente no front em alto-mar para o cumprimento das leis de proteção à vida marítima foi o motivo para a criação da Sea Shepherd. A lista de conquistas é vasta. Em 30 anos de atuação, Watson e voluntários já afundaram 11 baleeiros ilegais e interceptaram dezenas de barcos pesqueiros ilegais e predatórios, tornando-se os Piratas dos Mares.

Nos anos 70, a Sea Shepherd lutou contra baleeiros japoneses no Pacífico e deu início à campanha de proteção às focas do Canadá, luta essa que segue nos dias de hoje. Na América Central, lutaram pelas baleias-piloto, bem como contra a captura de golfinhos em redes de pesca de atum.

Os anos 90 foram marcados pela atuação ativa com a guarda costeira das Ilhas Galápagos e de Trinidad e Tobago, além da campanha de proteção às baleias-cinza nos EUA. A organização trabalhou ativamente na recuperação dos animais marinhos afetados pelo derramamento de óleo no litoral francês e turco, e no boicote aos produtos comercializados na Alemanha vindos das Ilhas Faroe, que infelizmente seguem matando milhares de baleias a cada ano.

Nos dias de hoje

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Paul Watson

A Sea Shepherd opera com mais de oito embarcações. Toda a estrutura é bancada por milhares de doadores e apoiadores, além de artistas engajados, como o ator Richard Dean Anderson, Sam Simon, um dos criadores da série Os Simpsons, e também as bandas Red Hot Chili Peppers e Gojira.

No álbum de fotos abaixo, a gente pode conferir o engajamento de vários músicos, como Flea e Anthony Kiedis, dos Red Hot Chili Peppers, Derrick Green, do Sepultura, e Zoli Téglás, do Ignite, e ainda o anúncio de lançamentos em streaming de singles das bandas Boy Sets Fire e KMPFSPRT.

Como nem tudo é brilho, a Sea Shepherd é criticada e acusada por algumas organizações e personalidades, que alegam agressividade em suas ações. O Japão, por exemplo, considera a organização ecoterrorista apesar de não existir nenhum registro de feridos em suas ações.

Todas as embarcações da Sea Shepherd operam ativamente em afundamentos e sabotagens de embarcações, trabalhando arduamente na obstrução à caça às focas, ofuscando baleeiros com lasers, atirando garrafas com produtos químicos não tóxicos – também chamados de bombas de cheiro – no convés de navios envolvidos em atividades ilegais e apreendendo e destruindo redes derivantes, entre outras ações. 

Parte da frota da Sea Shepherd

Devido à relutância dos governos em aplicar leis em nível mundial em alto-mar, a Sea Shepherd usa de ação direta para aplicá-las, como descrito na World Charter for Nature (a Carta Mundial da Natureza, adotada pelas Nações Unidas), e tem o apoio de agências de aplicações de leis incluindo a INTERPOL. 

Um documentário que traz a trajetória do ativista marinho mais famoso do mundo está disponível na plataforma de streaming Netflix. Intitulado Watson e dirigido por Lesley Chilcott, o filme conta em detalhes a história e a dedicação do capitão Paul Watson, uma vida de luta na proteção dos oceanos e seus habitantes, justificando confrontos e ações diretas em alto-mar.

Sea Shepherd no Brasil

Por aqui a Sea Shepherd também é conhecida como Guardiões do Mar. Desde sua fundação, em junho de 1999, a organização promove e defende a preservação dos ecossistemas marinhos na costa brasileira em parceria com outras ONGs, empresas e até mesmo órgãos governamentais.

Os Guardiões do Mar trabalham arduamente na limpeza de praias, implantação de lixeiras, educação ambiental, fiscalização da costa catarinense em época da visita das baleias-francas. Eles ajudaram na recuperação da Baía de Guanabara após o derramamento de 2,5 mil toneladas de petróleo.

A HS Merch apoia as atividades da Sea Shepherd e é parceira na comercialização do merch dessa grande sociedade protetora da vida marinha.

Texto: Carolina Meirelles