/Descendents: 25 Anos de Everything Sucks

Descendents: 25 Anos de Everything Sucks

Considerada a melhor surpresa na discografia dos Descendents, o álbum Everything Sucks acaba de completar um quarto de século desde seu lançamento.

Após dois giros pelos EUA, apresentando músicas do então novo álbum, All, lançado em junho de 1987, o vocalista Milo Auckerman deixou os Descendents mais uma vez para voltar a estudar Bioquímica em tempo integral. Não era a primeira vez que ele se afastava da banda por conta da carreira universitária, mas dessa vez parecia não haver retorno. Tanto que os outros integrantes assumiram totalmente o conceito “all”, de “partir com tudo” (inventado pelo membro original dos Descendents, o baterista Bill Stevenson, e seu melhor amigo, Pat McCuistion, em 1980), e se reinventaram como ALL.

Em 1995, Auckerman quis voltar para a música com o desejo de ressuscitar os Descendents. A solução encontrada – e aceita de boa vontade por todo mundo – foi uma dose dupla de hardcore. Os antigos integrantes – Stevenson, o baixista Karl Alvarez e o guitarrista Stephen Egerton – resolveram levar o ALL em frente, com Chad Price então no vocal. Ao mesmo tempo, eles retornaram as atividades dos Descendents, com Auckerman à frente.

Em junho do ano seguinte, os Descendents entravam em estúdio para gravar Everything Sucks. As gravações aconteceram no próprio estúdio de Stevenson, The Blasting Room, localizado na cidade de Fort Collins, no Colorado. A banda saiu de lá em julho com o disco praticamente pronto. Um detalhe bacana é que dois membros originais apareceram lá para contribuir. A guitarra de Frank Navetta e o baixo de Tony Lombardo estão na faixa “Doghouse”, composta pelo finado Navetta. Ele também apareceu em “Eunuch Boy”, a primeira música que Auckerman compôs na vida, junto com Lombardo. Duas faixas desse álbum viraram singles: “I’m the One” e “When I Get Old”.

A dose dupla também aconteceu em assinaturas de contratos. O ALL sentia o gosto amargo de pertencer a uma major e resolveu pular fora da Interscope, que havia lançado Pummel em 1995. Stevenson e o guitarrista do Bad Religion, Brett Gurewitz, dono da Epitaph, eram bons amigos desde sempre. Uma conversa foi o bastante para ALL e Descendents entrarem juntos na gravadora.

Depois de uma turnê com músicas desse disco, que durou até 1997, Milo Auckerman voltaria para a vida acadêmica mais uma vez, e o resto da banda centraria a atenção no ALL. No entanto, Everything Sucks entrou para a história. Não marcou apenas a caricatura de Milo na capa, mas toda uma geração de músicos e outros artistas que coloca esse álbum num lugar especial da estante e do coração. A seguir, alguns contam o que Everything Sucks significou na vida deles.


Depoimentos:

Conheci o Descendents através de dois amigos no bairro de Pinheiros, em São Paulo, em 1991 ou 1992. Um deles tinha uma fita cassette que provavelmente gravou do Rubinho (baixista do Tube Screamers). Lembro que na época o ALL estava na ativa. 

Alguns anos depois eu ouvi boatos que eles iriam gravar um disco novo e fazer shows novamente. Quando o Everything Sucks foi lançado, eu encomendei o meu na Maze (loja da Galeria do Rock onde Kichi, do Kangaroos in Tilt, trabalhava). Ele ficava bravo quando eu comprava discos na Zeitgeist, loja ao lado da Maze… 

Além desse CD sem encarte, eu tenho uma camiseta da época autografada: “to Carlos from Milo”, presente de uma amiga que foi vê-los em uma Warped Tour e me mandou pelo correio.

Por volta de 1996, nos shows da 8ª DP (extinto bar no Jardim Paulista, em São Paulo, com shows de bandas independentes), nós recolhemos assinaturas pedindo show deles no Brasil, mas por algum motivo não deu certo.

Carlos Dias – Againe / Polara / Tube Screamers

Carlos Dias – Foto: Marcos Bacon


Nunca vou esquecer o dia que descobri que o Descendents (minha banda favorita da vida) voltaria para gravar um disco depois de quase 10 anos de hiato. Eu tinha acabado de entrar para o Againe, estávamos todos no finado Black Jack num domingo.

Alguém tinha uma revista importada, não lembro se era Punk Planet ou Flipside, com um anúncio de meia página só com o Milo, que dizia “September 24th”. Segunda-feira já fui encomendar o disco sem nem saber o nome. Ouvi até gastar. Foi um marco pra mim.

Músicas como “We”, “Won’t Let Me” e “Rotting Out” estão na minha lista de favoritas. Sei as letras, as viradas de bateria… Tudo.

A mixagem caprichada de Andy Wallace fez uma revolução no punk, mudou a sonoridade do estilo. Ouvi várias histórias dos próprios caras sobre esse disco. Não hesitei em perguntar tudo: guitarras, amplificadores, baixos e principalmente: a experiência de ter em trabalhado com o Milo novamente e ter a confirmação de todos que ele é o vocalista de punk rock com a voz mais carismática da história (talvez ao lado de Joey Ramone e Keith Morris…).

Enfim: Everything Sucks é, com toda certeza, um dos discos mais importantes da minha coleção.

Fernando Sanches – Againe / Small Talk / O Inimigo / Estúdio Rocha

Fernando Sanches


Milo Goes to College é um puta disco, mas foi no Everything Sucks que o Descendents se tornou uma das bandas mais importantes pra mim.

Lembro de escutar “I’m The One” primeiro e ficar de cara. Composição animal com riffs e progressão de acordes estranhos, mas ao mesmo tempo com melodias na medida. Esse, pra mim, é um daqueles discos que não rola pular uma música. As letras, o vocal único do Milo, a crueza e as melodias no ápice mostram a essência máxima do Descendents.

Thank you for playing the way you play.

Rafael Buga – Abraskadabra

Rafael Buga – Foto: Yousuke Fujita


Eu não tinha nenhuma esperança de ouvir algo novo do Descendents até que o Everything Sucks surgiu em 1996. E o impacto para mim é sentido até hoje: músicas clássicas, disco impecável e uma gravação que se mantém atualizada até os dias de hoje. Tudo em 30 minutos.

A música “Thank You” resume bem o que a banda representa pra mim: “I’ll never be the same again now – no way. I just want to say: Thank you for playing the way you play”. O Descendents é um patrimônio da música e se tornou uma das maiores trilhas sonoras da minha vida. Para os bons e maus momentos.

Eu uso tantas camisetas da banda que a minha mãe acha que Descendents é uma marca de roupas. 🙂

Guilherme Camargo – Street Bulldogs / Singletree

Guilherme Camargo


Eu cresci em uma pequena cidade de praia nos arredores de Santa Cruz, California, conhecida por seus fortes laços com as comunidades do surf e skate. Muitas pessoas tocavam em bandas de punk rock de garagem, que faziam shows de graça ao lado de rampas de skate e trocavam demo tapes gravadas em casa que tinham a exclusiva função de deixar a galera empolgada para os momentos divertidos, e muitas vezes ilícitos, que aconteciam no início das noites daquela época.

Uma dessas bandas era a favorita dos meus amigos e eu. A banda se chamava Stench. Eles tocavam um estilo de música rápido e agressivo, mas sempre com muita melodia. Uma das músicas que eles sempre tocavam ao vivo era “Bikeage”, e anos depois eu fui descobrir, quando tinha 14 anos, que essa e outras músicas que eu ouvia eram de uma banda chamada Descendents.

Eu fui imediatamente até a loja de discos mais próxima e perguntei se eles podiam me ajudar a encontrar as músicas daquela banda. O vendedor começou a rir e disse: ”Oh, então você acabou de descobrir o Descendents huh”? Ele sabia que o descobrimento daquela banda é um marco muito importante para qualquer fã de punk rock ou até mesmo de um fã de qualquer tipo de música.

Eu comprei Milo Goes to College e I Don’t Want To Grow Up em CD e, eu te juro, eu escutei aqueles discos até gastar por um ano inteiro. Eu mostrava aquelas músicas pra todo mundo que eu sabia que nunca tinha ouvido a banda e eu me tornei um discípulo absoluto do estilo único e assombrosamente bonito de compor músicas. 

Eles tocavam músicas tão rápidas e de uma forma tão precisa e agressiva que eu não conseguia entender como aquilo era humanamente possível, mas eu prometi pra mim mesmo que chegaria naquele nível antes de morrer…

E até hoje eu ainda estou tentando chegar no nível deles.

Longa vida ao Descendents!

Nik Hill – Ignite

Nik Hill

Conheci o Descendents por volta de 1994, época do estouro do Hardcore Melódico. Eu já pirava muito na estética do Milo Goes to College, com uma sonoridade do Punk Rock ainda no estilo mais cru dos anos 80. Ai os caras vieram com o Everything Sucks. Uma puta pedrada. Gravação animal e um monte de hits.

Quando eu vi o clipe de “When I get Old”, um video bem feito e com o Milo cantando de novo, quando eu imaginava que nunca voltaria pra banda, foi emocionante… Porra, que disco, que época!!! Fui correndo na Galeria do Rock e comprei a minha cópia do disco.

Anos depois, finalmente consegui assistir o show deles no Riot Fest em Denver quando o Misfits voltou. Depois assisti mais 3 shows e sempre que eu escuto as músicas desse disco bate uma lembrança fudida da época!!!

Fernando BadauíCPM 22

Depois de muito tempo sem lançar nada e a gente pirando em All, o Everything Sucks trouxe o Descendents de volta ao lugar das bandas mais relevantes do punk. E foi um clássico instantâneo.

Suspeito que essa qualidade recuperada foi devido à banda lançar tanta coisa maravilhosa com o All, que é melhor que Descendents, nesse intervalo entre o último lançamento (All – o nome do disco anterior não poderia ser outro) e o Everything Sucks.

Brincadeiras à parte, os 25 anos do lançamento provam que esse é um álbum definitivo na carreira dos caras e um dos mais importantes na história do punk rock.

Fábio Prandini – Paura/ IHZ/ Safari Hamburguers/ White Frogs

Fabio Prandini – Foto: Jaime Vera


Pra mim o Everything Sucks é sem sombra de dúvidas um dos melhores álbuns de punk rock dos anos 90. E mesmo depois de 20 anos, continua sendo uma referência absoluta. É uma obra prima perfeita.

Eu comprei minha cópia em 1996 e escutei tanto esse CD pedaços do disco começaram a descolar e algumas faixas não tocavam mais. A sonoridade do álbum é absurda.

A banda vinha de um hiato de quase 10 anos e parecia que tinha acumulado vontade extra e urgência pra registrar o momento. A produção é impecável: execução, entrosamento, timbragem, arranjos e letras maravilhosas em belíssimas canções. E pra completar, foi mixado pelo grande mestre Andy Wallace.

Simplesmente um clássico que sempre estará presente na minha vida.

Phil Fargnolli – Reffer/ Dead Fish/ CPM 22

Phill Fargnolli


Além das melodias incríveis de voz e os riffs marcantes, esse foi o primeiro disco de punk rock que ouvi como uma mixagem acima da média, que me chamou muito a atenção. Anos depois fui descobrir que tinha sido feita por Andy Wallace, um dos meus heróis no ramo, e revisitei o disco com outro olhar.

No final das contas, me apaixonei novamente. Parabéns pra essa obra prima que é, sem dúvidas, um dos melhores discos de punk rock de todos os tempos!

Gabriel Zander – Zander / Noção de Nada / Estúdio Costella

Gabriel Zander

Em 1996, eu lembro que a boa notícia pra mim até então era a volta do KISS com maquiagem, enquanto que para outros a boa notícia era a reunião dos mal-educados do Sex Pistols.

Cada um tem seu gosto mas pra minha sorte e pra melhorar o meu, após nove anos sem lançar nada, o Descendents ressurgiu com Everything Sucks, um álbum sensacional. Era como se fosse a continuação de onde pararam em 1987, só que com uma qualidade de gravação muito superior aos trabalhos anteriores.

Everything Sucks é um absurdo de bom. Gosto dele por inteiro, mas tomei “When I Get Old” como um hino próprio. Eu me vejo nessa música. Posso dizer que fiquei mais velho e continuo gostando muito desse álbum e adorando a banda. Tanto que a canção “Thank You” eu interpreto como um poema lírico ao próprio Descendents: “Thank you for playing the way you play”!

Steve Lima – Skate Rocker

Steve Lima


Não foi exatamente um susto quando o Descendents anunciou um novo disco em 1996, depois de um hiato de nove anos. O ALL vinha em plena atividade, tinha acabado de lançar o magistral Pummel (1995), e, além disso, parecia justo que naquele momento de boom do hardcore melódico houvesse algum espaço para que os pioneiros do estilo também aproveitassem a maré favorável. Então, parecia um cenário ideal para o lançamento do Everything Sucks, com o suporte da principal gravadora de hardcore da época, a Epitaph.

“O Milo vem aí, e o bicho vai pegar!!!” De alguma forma, era esse o sentimento dos fãs na época. Por experiência, sabíamos que esses malucos não dão bola fora nunca, então dá pra dizer que as expectativas eram altas. E foram atendidas. O Everything Sucks se consolidou, em pouco tempo, como um dos grandes discos de punk rock daquela década. Produziu clássicos que fazem parte do repertório ao vivo da banda até hoje.

No Brasil, o CD foi lançado pela Paradoxx. Comprei o meu numa loja de discos de São Bernardo (que ainda existe!), a Merci Discos. Tinha uma mania de anotar num pedaço de papel as minhas músicas favoritas e guardar dentro das caixinhas dos CDs, que era a versão analógica do botão “adicionar aos favoritos” ou algo que o valha. A gente se virava… Enfim, o fato é que esse papelzinho resistiu ao tempo e estou olhando para ele agora. Copy-paste na minha própria lista de preferidas, diretamente de 1996: “I’m the One”, “Sick-O-Me”, “When I Get Old” (melhor letra), “She Loves Me”, “We” (com participação de Chad Price, vocalista do ALL, num backing vocal inesquecível), “I Won’t Let Me” e “Thank You” (claro!).

Muitos anos depois, em 2011, fiz uma pequena loucura: comprei ingressos para um show do Descendents, em Los Angeles, antes mesmo de reservar voo ou hotel. Ou mesmo antes de pedir férias, rs. Tinha medo de morrer antes de ver os caras. Na hora, pensei: “Foda-se, o dinheiro eu arrumo depois”. Talvez eu nunca tivesse pisado nos EUA se não fosse por isso. O motivo principal da visita era o show. O tempo passou, e eles tocaram por aqui em 2016. Como já tinha visto o show na Califórnia, naquele dia em São Paulo me dei ao luxo, em alguns momentos, de desviar o olhar do palco em direção à plateia. Fiquei brisando e me emocionando com a reação das pessoas, com a alegria incontrolável, com as lágrimas, com a empolgação absolutamente justificável e com aquela sensação de alívio, a mesma que senti em 2011. Tipo, “Ufa, finalmente tô vendo isso AO VIVO”.

Seis meses antes do show do Descendents em São Paulo, nasceu o meu filho. O nome dele é Milo.

Marcelo Viegas – editor de livros e vocalista do 93 Foundation

Marcelo e Milo Viegas

Everything Sucks foi um disco muito importante na minha vida.

Quando foi lançado em 1996 eu ainda tinha uma loja de discos (Sound of Fish) em Santos e o CD foi um best seller. Era o disco que todos os amigos ao redor estavam escutando ou seja, era impossível não ser impactado por ele.

Foi a trilha sonora de amor de centenas de relações amorosas e botou ordem na bagunça que o “pop punk/ hardcore melódico” vivia na época.

O Descendents mais uma vez mostrou quem é que havia criado a fórmula do estilo e Everything Sucks é o tracklist perfeito.”

Alexandre Cruz Sesper – Artista Plástico

Alexandre Cruz – Foto: Stefano Maccarini


Em 1996 o Fun People havia acabado de lançar o álbum Kum Kum, e a gente começava a fazer turnês mundiais. Naquela época, a gente passava muito tempo dentro da van indo de um show pra outro. Alguém tinha comprado o Everything Sucks em CD e gravou uma fita. Eu me lembro de ficar olhando a estrada pela janela e sentir muitas saudades da minha namorada da época enquanto ouvia aquelas músicas.

A voz do Milo e as melodias me transportavam pra um lugar onde eu podia estar com ela. Era surreal! Eu pedia desesperadamente pra que colocassem aquela fita pra que eu pudesse ter a sensação de estar com ela mesmo estando a quilômetros de distância.

Cada um na banda tinha suas preferências musicais e gravaram fitas com coletâneas caseiras pra escutar nas viagens. As minhas tinham Leo Dan, Liberace, Xavier Cougat, The Doors, The Damned, Los Shakers e Black Sabbath. Mas o Everything Sucks naquela época me trazia um sentimento especial.

Carlitos Boom Boom Kid / Fun People

Carlos Boom Boom Kid


Tínhamos vinte e poucos anos em 1996, e a notícia caiu como uma bomba para os fãs da banda: Descendents vai lançar disco novo pela Epitaph! Nove anos de inatividade era uma eternidade, mas sabíamos que viria coisa boa pois 3/4 da banda estavam produtivos, lançando ótimos discos com o ALL. Aliás, no ano anterior tinha saído o maravilhoso Pummel, muito bem gravado e com músicas acima da média.

Everything Sucks não decepcionou, muito pelo contrário. Todos nós adoramos. Tudo estava lá: café, bicicleta, desenho com Milo na capa, minimúsicas, letras de amor do Bill… Tinha até composições dos membros originais Tony Lombardo e Frank Navetta. Não tinha nada experimental (como no último disco deles, de 1987), mas tinha faixa instrumental, escondida.

Legal que o disco abre com Stephen Egerton e sua primeira composição completa de letra e música. Minhas favoritas são “Thank You”, “When I Get Old”, “I Won‘t Let Me” e “I’m the One”.

Que fase do nosso querido baixista Karl Alvarez, hein?! Outro charme do disco são os backing vocals de Chad Price, vocalista do ALL. A dobradinha dos vocais de Milo e Chad estão entre as mais belas do punk rock. Me lembra aquele comentário certa vez dito por Henry Rollins que o som mais belo do universo é o som da voz de John Doe e de Exene Cervenka cantando juntos na banda X. Concordo e incluo aí a parceria vocal Milo/ Chad.

Inclusive vale citar que Everything Sucks poderia ser um álbum do ALL. Ouça no YouTube a demo desse disco com Chad Price nos vocais. Mas Everything Sucks é um disco dos Descendents.

Um dos melhores discos de todos os tempos. Parabéns a todos os envolvidos!

Eduardo Dude – Pinheads

Dude


“Os Descendents voltaram e lançaram um disco novo!” Quando ouvi essa frase lá no fundo de 1996, quase cai do bermudão. Era algo maravilhosamente foda demais para ser verdade.

E veio Everything Sucks, um álbum maravilhosamente foda demais e mais um pouco. Um curso superior de respeito e dedicação à própria história, sincerão e coeso em todos os sentidos possíveis. É o trio bicho monstro puro veneno Egerton-Stevenson-Alvarez , afiadaços em anos de ALL e gravando no próprio estúdio, o Blasting Room, com Milo lá na frente, mostrando de peito aberto para o mundo o quanto dói uma saudade e que, apesar do passar dos anos… tudo continua um saco.

Músicas sobre amor, gente podre por dentro, lugares chatos, café, envelhecer e até sobre alguém que tem o pinto decepado por um cortador de grama.

Um disco que felizmente mostrou para muita gente que na época havia descoberto o punk rock através do Green Day ou do The Offspring que o buraco poderia ser bem mais embaixo.

Daniel E.T.E – Muzzarelas / Drakula / Bong Brigade / Artista Gráfico

Daniel E.T.E – Foto: Eduardo de Souza Simão


Anos 90!

O Descendents sempre foi umas das minhas bandas favoritas e uma inspiração para andar de skateboard em qualquer lugar. Meados dos anos 90, a criação no skateboard, tanto em peças, como nas manobras, era transformação e evolução total, e junto a música.

O lançamento do Everything Sucks nessa década dourada que foi os anos 90 foi animal! Lembro que comprei o CD e durante muito tempo só tocava ele em todas as sessões!

Parabéns, Descendents! Inspiração eterna para o skateboard!

Geninho – Skatista Profissional / Radialista no Let’s Go Skate Radio / Comentarista

Geninho Amaral


Em 1996, algumas bandas da Epitaph já haviam estourado no mundo inteiro. O Bad Religion ia tocar pela primeira vez no Brasil no Festival Close-Up Planet, em São Paulo. Eu lembro de assistir na TV Bandeirantes um comercial da Paradoxx (selo duvidoso de poperô que relançava os discos da Epitaph aqui). O comercial mostrava o CD …And Out Come the Wolves, do Rancid, About Time, do Pennywise, Punk in Drublic, do NOFX, e os apresentava como o novo som da Califórnia, rs…

Eu não acreditava que essas bandas, que alguns anos atrás muito pouca gente conhecia, agora eram fenômenos de vendas no mundo todo. No meio desse turbilhão, os pioneiros do hardcore melódico voltam com um disco cabuloso pra mostrar pra molecada como se faz, rs…

Lembro de ver o clipe de “When I Get Old” no Lado B, na MTV, e foi a primeira vez que eu vi um vídeo com uma imagem boa dos caras que não fosse alguma fita de VHS cópia da cópia da cópia comprada em alguma loja da galeria.

Daniel Cacciatore – Presto

Daniel Cacciatore


Everything Sucks é o grande disco dos Descendents.

Quando os quatro membros estão entrosados (e dificilmente não estão), eles têm o dobro da energia das bandas que seguiram seus passos.

Essa é uma banda que sabe criar, como nenhuma outra, uma sensação de profundidade melancólica e tem um talento especial para fazer interlúdios peculiares que são extremamente agradáveis aos nossos ouvidos!

Eles são verdadeiros mestres de sua arte, os criadores do estilo, e estão sempre avançando e progredindo.

Everything Sucks não é exceção!

Todd “The Rod” Kowalski – Propagandhi / I Spy

Todd Kowalski – Foto: Bobbi Barbarich


Cara, 25 anos!

Eu não me lembro ao certo onde ouvi esse disco pela primeira vez. Provavelmente ouvi alguma música em um video de skate gringo. Naquela época, eu lembro que estava bem vidrado em ska-core e, quando esse disco apareceu, eu pirei e logo agilizei de conseguir uma cópia. Lembro perfeitamente de comprar esse CD na Galeria do Rock com meu amigo China, que andava de skate comigo. A gente escutou o CD até gastar.

Esse foi um dos primeiros CD que eu copiei a letra à mão do encarte pra traduzir duas músicas: “I’m the One” e “When I Get Old”, minhas preferidas do disco. É louco eu estar aqui falando desse disco e principalmente dessas músicas 25 anos depois. Isso me faz refletir sobre várias coisas que eu escolhi pra minha vida e que ainda se identificam com essas letras. Hoje, olho pra trás e me orgulho do que me tornei.

Parece clichê dizer isso, mas a vida imita a arte, rs…

Hoje é um dia especial pra escutar esse disco e relembrar de como foi divertido chegar até aqui, afinal, nem tudo foi um saco!

Magoo Felix – baterista do Twinpines / Artista Plástico

Magoo Felix


Eu lembro que escutava Descendents no começo dos anos 90 e os via como uma banda antiga dos anos 80. Aí, em 1996 saiu o Everything Sucks do nada. O disco era igual aos álbuns deles dos anos 80, com a capa na mesma pegada… Eu não entendi foi nada e comecei a pesquisar sobre a banda e o disco, isso numa época em que não havia a facilidade que se tem hoje em conseguir as informações que se quer. A gente tinha as pessoas que a gente achava que poderiam saber algo sobre e ia lá perguntar. Era tipo um Google orgânico.

Lembro que fui na Galeria do Rock, numa loja que sempre tinha todos Descendents para vender, e perguntei pro cara que era o dono, e ele me explicou que Everything Sucks era o novo disco deles mesmo, após uma pausa de 10 ou 11 anos, e que o Milo (vocalista) foi estudar bioquímica, ou algo assim. Acredita?

Hoje diriam que foi marketing, mas eu acho que foi uma atitude memorável dele e da banda em apoiar a decisão dele de seguir aquele caminho, mesmo depois de toda estrada e reconhecimento que eles construíram juntos.

A banda meio que continuou até o lançamento do Everything Sucks, só que com outro nome: ALL. Eles tinham outro vocalista, que também era bom pra cacete. Se você escutar esse disco hoje, ele é muito atual, mas minha opinião não conta porque eu achava que esse disco de 1996 era dos anos 80.

O que realmente importa é que toda a discografia deles, junto com esse disco, é eternamente verdadeira, legítima e incomparável.

Flávio Samelo – Artista plástico / Fotógrafo

Flavio Samelo

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