/Red Hot Chili Peppers: 30 anos de Blood Sugar Sex Magik

Red Hot Chili Peppers: 30 anos de Blood Sugar Sex Magik

Há exatas três décadas saiu Blood Sugar Sex Magik, o melhor álbum do grupo californiano Red Hot Chili Peppers.

Pode ser que esse trabalho não atinja sua memória afetiva em cheio. Amigos da velha guarda ficam nostálgicos quando lembram do funk rock dos primeiros álbuns, como The Uplift Mofo Party Plan, quando a banda ainda assinava The Red Hot Chili Peppers. Já gerações mais novas fazem uma associação imediata a Californication quando ouve falar desse quarteto de Los Angeles.

Fato é que Blood Sugar Sex Magik não apenas ostenta o primeiro posto no ranking de álbuns do Red Hot Chili Peppers como também foi seminal no chamado rock alternativo do início dos anos de 1990. O disco trazia um som diferente do feito pelo grupo até então. Mother’s Milk, o álbum anterior, lançado em 1989, havia levado a banda pela segunda vez à Billboard 200 – a respeitadíssima parada de álbuns dos EUA. Atingiu o 52º lugar. Apesar do sucesso, tinha uma guitarra mais escondida e letras mais comedidas, adequadas a radiodifusão sem muitas controvérsias. Parecia uma economia da energia que viria a seguir. Rick Rubin, o mesmo gênio que havia trabalhado em três clássicos lançados em 1986 – Raising Hell, do Run DMCReign in Blood, do Slayer, e License to Ill, dos Beastie Boys – foi o responsável pela produção de Blood Sugar Sex Magik. Ele conseguiu tirar o melhor do grupo, que na época era formado por seus fundadores – Anthony Kiedis no vocal e Flea no baixo – e ainda John Frusciante na guitarra e Chad Smith na bateria.

De abril a junho de 1991, o Red Hot Chili Peppers frequentou o estúdio de Rick Rubin, apropriadamente chamado The Mansion. É uma mansão de verdade, construída em Los Angeles, em 1918, onde um monte de bandas já gravou, de Guns N’ Roses a LCD Soundsystem. O próprio Red Hot Chili Peppers voltou lá para gravar Stadium Arcadium, também produzido por Rubin e lançado em 2006.

Dezessete faixas perfazem Blood Sugar Sex Magik. Todas trazem o rock e o funk em medidas diferentes para formar o som personalíssimo da banda. Seus singles entraram para a história.

“Give It Away”

Lançada como primeiro single semanas antes do álbum (mais precisamente, em 4 de setembro de 1991), os quatro músicos entram nos créditos de composição, embora a música tenha saído da parceria guitarra-baixo de Frusciante e Flea em uma jam session no ano anterior. O refrão da música é de Kiedis, e é sobre comportamento altruísta e seu valor – uma espécie de resposta a uma experiência, pela qual Nina Hagen (sua então namorada) e ele haviam passado.

“Under the Bridge”

Um dos maiores sucessos do Red Hot Chili Peppers só existiu por puro acaso. Rick Rubin regularmente ia até a casa Anthony Kiedis para revisar o novo material para o disco. Numa das visitas, Rubin encontrou um poema chamado “Under the Bridge” num caderno de Kiedis. Ele era sobre solidão, desânimo e o impacto das drogas na vida das pessoas. Rubin praticamente teve de implorar para Kiedis concordar em transformá-lo em canção. O vocalista achava o texto muito emotivo para a banda. Só que seus companheiros adoraram e a música, a cargo de Frusciante e Flea, saiu em poucas semanas. O grande coro final da faixa conta até com a mãe de Frusciante e amigas. Virou o segundo single de Blood Sugar Sex Magikem 10 de março de 1992.

“Suck My Kiss”

Eleita em quinto lugar entre as melhores músicas do Red Hot Chili Peppers segundo uma votação dos eleitores da revista Rolling Stone, esta música se tornou o terceiro single da banda, lançado em 1º de maio de 1992. O videoclipe dessa faixa traz cenas tiradas do documentário Funky Monks, sobre como foi a gravação de Blood Sugar Sex Magike ainda imagens de soldados norte-americanos voltando da Guerra do Golfo, gravadas em tom vermelho-sangue.

“Breaking the Girl”

Essa balada inspirada na relação tempestuosa entre Anthony Kiedis e Carmen Hawk, uma antiga namorada, foi o quarto single extraído desse álbum clássico, lançado em 30 de julho de 1992. Musicalmente, ele tem inspiração em outras duas baladas de outro grande grupo – “The Battle of Evermore” e “Friends”, do Led Zeppelin – e a parte percussiva, em especial, Chad Smith declarou ter se inspirado no trabalho do baterista Mitch Mitchell em “Manic Depression”, da Jimi Hendrix Experience. É uma das poucas músicas do Red Hot Chili Peppers a usar o compasso 6/8. “Californication” é outra delas.

“If You Have to Ask”

Essa música hoje pode ser considerada o canto do cisne para a primeira fase de John Frusciante no Red Hot Chili Peppers. Com direito a material deixado na edição final da faixa, incluindo palmas finais, ela termina com o solo desse excelente guitarrista seguindo versos que parecem surgir no momento, como em um fluxo de consciência. O videoclipe dessa música, raramente veiculado, já traz Arik Marshall no lugar anteriormente ocupado por Frusciante. Ela foi o quinto e último single de Blood Sugar Sex Magik, lançado quase dois anos depois, em fevereiro de 1993.

Texto: José Julio do Espirito Santo

O Merchandise Oficial e Licenciado do Red Hot Chilli Peppers está disponível no Brasil pela www.HSmerch.com