Aquela história do poderoso meteoro em chamas a toda velocidade que, de repente, vira pó, é sempre lembrada em biografias musicais. Jim Morrison, Keith Moon, John Bonham, Kurt Cobain… O rol de membros de grandes grupos que tiveram esse destino é notório. Cliff Burton, o lendário baixista do Metallica também figura nessa lista.
Ele nunca gravou um álbum solo – não houve tempo para isso. Também não gozou de reconhecimento mundial com turnês milionárias, discos de ouro, calçada da fama e tudo mais. Entretanto, foi peça-chave nos primeiros anos de sua principal banda. Muito por conta desse músico genial, o Metallica transformou a história do metal.
A entrada no Metallica
Clifford Lee Burton nasceu na Califórnia em 1962. Começou a tocar baixo com 13 anos de idade, após uma infância regada a jazz e aulas de teclado. Estudava baixo por até seis horas diárias.
Após o ensino médio, em 1982, Cliff Burton se juntou à banda Trauma, que, no mesmo ano, foi tocar no famoso Whisky a Go Go, em Los Angeles. Na platéia estavam James Hetfield e Lars Ulrich, ambos de uma banda formada no ano anterior: o Metallica. Nessa apresentação, Burton fez um solo usando efeitos que até então eram utilizados apenas por guitarristas. No ano seguinte, o solo viraria a instrumental “(Anesthesia) Pulling Teeth”, do álbum de estreia do quarteto, o clássico Kill ‘Em All. Quando o show do Trauma acabou, Hetfield e Ulrich procuraram Burton e só então descobriram que aquele solo era de um baixo e não de uma guitarra como haviam pensado. Ali foi feito o convite para que ele se juntasse ao grupo.
Pouco tempo depois, o baixista Ron McGovney foi substituído por Burton. Entre os acordos, estava uma mudança geográfica, que logo aconteceu: os membros da banda se mudaram de Los Angeles para São Francisco e assim garantiram o novo membro do grupo.
James Hetfield já admitiu que a influência de Cliff Burton foi fortemente responsável pela identidade visual e musical do quarteto na época, e afirmou que o grupo não estaria onde está hoje sem ele.
Cliff Burton fez uso de seu conhecimento teórico musical tanto no baixo quanto ensinando a Hetfield teoria e harmonia. Baixistas como Geezer Butler, Phil Lynott, Geddy Lee, Lemmy e Stanley Clarke eram suas influências. Burton também tinha paixão por livros de terror, como os de H.P. Lovecraft, que resultaram em duas músicas do Metallica: a instrumental “The Call of Ktulu” e “The Thing That Should Not Be”.
No segundo álbum, Ride the Lightning, Cliff Burton assinou seis das oito faixas do trabalho e, mostrando seu estilo desde a faixa de abertura, “For Whom the Bell Tolls”, fortaleceu o crescimento da banda. O Metallica logo assinou com o selo Elektra e começou a trabalhar no terceiro álbum, o inesquecível Master of Puppets, cuja faixa-título é a favorita de Burton, junto com “Orion”, que traz um solo composto por ele.
Dia fatídico
Em 26 de setembro de 1986, em Estocolmo, na Suécia, aconteceu a última apresentação ao vivo de Cliff Burton. O Metallica estava na turnê Damage Inc, promovendo Master of Puppets. A banda dormia em beliches dentro do ônibus que viajava, e, na noite de 27 de setembro, após ganhar num jogo de baralho, Burton garantiu a confortável cama no beliche de cima. Ele estava dormindo quando o veículo derrapou no gelo acumulado na pista e capotou na grama ao lado da estrada, perto de Dörarp, um lugarejo na região rural do sul da Suécia. O baixista foi jogado para fora do ônibus, que, ao capotar caiu em cima dele. Foi morte instantânea.
O corpo de Cliff Burton foi cremado, e suas cinzas foram espalhadas em Maxwell Ranch, na Califórnia. Durante a cerimônia, a instrumental “Orion” foi tocada. Ela então só foi apresentada ao vivo em 2006 no festival Rock Am Ring, na Alemanha, celebrando os 20 anos de seu lançamento.
Após a morte de seu baixista, o Metallica lançou um tributo: Cliff ’Em All. Originalmente lançado em VHS, é uma retrospectiva feita com vídeos gravados em shows na época em que Burton estava no grupo.
Outras homenagens
O Anthrax dedicou a Cliff Burton o álbum Among the Living. Já o grupo Metal Church dedicou o álbum The Dark ao genial baixista. Houve outras, como a do rapper francês VII em “Il Venait d’Orion”, música do álbum Inferno 2 (La Couleur du Deuil), lançado em 2011 pelo selo do próprio artista.
Em 6 de fevereiro de 2018, após uma petição de fãs pela Change.org, o condado de Alameda proclamou o Cliff Burton Day no dia 10 de fevereiro, data de aniversário do músico.
…And Justice for All, álbum com material original lançado após a morte do baixista, conta com “To Live Is to Die”, escrita em uma única estrofe – faixa quase totalmente instrumental com o último crédito de composição de Burton. O Metallica algumas vezes toca a parte intermediária dessa música em uma pegada mais lenta, que James Hetfield opta sempre por citar ao invés de cantar, em tributo a Cliff Burton.
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A estampa de camiseta e caneca “Take One” remete à única parte vocal de “(Anesthesia) Pulling Teeth” do álbum Kill ‘Em All, quando Hetfield anuncia, no início da música: “Bass solo, take one”.
A 2o arte se chama “Fists” e traz a icônica foto do renomado fotógrafo Ross Halfin com o baixista exibindo os punhos para frente, como em um cumprimento.
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Texto: Carolina Meirelles
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