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St Pauli: o Antifascismo em campo

Saiba o que as bandas como Descendents, Rise Against, Bad Religion, Dropkick Murphys, Refused, The Sisters of Mercy e Parkway Drive têm em comum com o time de futebol mais cult do mundo.

Fundado na cidade de Hamburgo, na Alemanha, em 1910, o St. Pauli pode não ter conseguido importantes sucessos em campo, mas é reconhecido por criar uma cultura ímpar. A origem desse time único do futebol alemão está em um antigo ginásio, inaugurado em 1862 e que existe até hoje: Hamburg-St. Pauli Turnverein. Em 1899, um grupo de ginastas e aficionados do esporte passou a jogar nas dependências do clube até que, em 1910, surgiu um time oficial. Uma carreira de altos e baixos foi iniciada. Após a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, aconteceu um dos grandes momentos do St. Pauli: chegou no final da temporada 1947/ 48 qualificando-se junto com os melhores times de toda a Alemanha Ocidental. 

O clube atuou em um ótimo nível pela década de 50, mas acabou saindo nas eliminatórias de 1949 e 1951. Caiu para a segunda divisão.

St. Pauli virou cult

Na metade dos anos de 1980, o Fußball-Club St. Pauli von 1910 e.V. passou de equipe tradicional a um verdadeiro fenômeno cult. O campo do time não poderia estar em local melhor para isso acontecer. Ele fica na área das docas e pertinho de Reeperbahn, uma rua do bairro de St. Pauli que virou um dos centros da vida noturna de Hamburgo. Adotando uma bandeira com um símbolo de pirata com uma caveira e ossos entrecruzados, o time ficou conhecido como Freibeuter der Liga (em português, Os Piratas da Liga). O St. Pauli foi pioneiro em banir, em seu próprio estádio, o ingresso de torcedores adeptos do nazismo. Graças a decisões como essa, o clube passou de uma média de 1.600 espectadores em 1981 para mais de 20 mil no fim dos anos 1990. Mesmo na segunda divisão, conquistou numerosos fã-clubes ao redor do mundo. No portão principal de sua sede, tem um símbolo gigante do clube abaixo de três bandeiras: uma leva o escudo; outra, a caveira; e a terceira, as cores do movimento LGBT.

Para angariar mais fundos, os dirigentes do St. Pauli começaram a estampar camisas com a palavra Retter (Salvador), e mais de 140 mil foram vendidas em seis semanas, aumentando o caixa do clube.

A partir 2005, o St. Pauli entrou com os dois pés em obras de beneficência. A equipe e os torcedores criaram a iniciativa Viva con Água de Sankt Pauli, uma coleta de fundos para a aquisição e distribuição de água para as escolas de Cuba e tratamento de água em Ruanda. Entre as ações beneficentes dos fãs, uma ficou marcada na afamada Reeperbahn, onde valia o lema “Beber por St. Pauli”. Até mesmo pedaços de gramado do estádio eram vendidos simbolicamente para reverter os lucros ao clube e quitar suas dívidas. As lojas de artigos para fãs do time também fazem cada vez mais sucesso entre os adeptos.

Nas partidas, quase sempre com ingressos esgotados, a importância não é ganhar e tampouco cobrar bons resultados do time, mas sim fortalecer a esquerda e a manutenção da identidade do time. Pra quem vai no bar comprar cerveja, uma infinidade de copos estão disponíveis, com total ausência de modelos com os jogadores ou treinadores estampados. Na extensa lista de copos, um chama atenção: na estampa, o símbolo de uma família de mãos dadas correndo, com o recado REFUGEES WELCOME (REFUGIADOS SÃO BEM-VINDOS), apoiando fortemente a causa. E acredite! Ao final das partidas, todos devolvem os copos para serem reutilizados em outra partida ou evento no estádio.

O St. Pauli possui em sua história um feito inédito dentre todas as torcidas da Alemanha, quando se tornou a primeira torcida de futebol esquerdista que expulsa todos os adeptos e simpatizantes à ideologia nazista. É comum ver, em dias de jogos, bandeiras com a imagem de uma suástica riscada, Che Guevara e a clássica do pirata, o que deixa claro que o time, torcedores e simpatizantes são completamente contra qualquer atitude discriminatória e racista, deixando louco qualquer combatente do futebol moderno.

St. Pauli e a música

O St. Pauli também é conhecido como o clube que mais cultiva o rock no mundo. Em dias de jogos, sua torcida leva ao estádio guitarras e amplificadores, e clássicos do rock podem ser ouvidos. Tanto é que a música “Hells Bells”, do AC/ DC, toca toda vez que o time entra no gramado, e quando sai um gol, “Song 2”, do Blur, chega em alto e bom som.

Bandas apoiam a causa

Por Hamburgo ser muito próximo ao lugar onde acontece um dos festivais de rock mais famosos do mundo, o Wacken Open Air, foram promovidas algumas partidas entre o St. Pauli e as bandas. Em 2000, por exemplo, o Bad Religion enfrentou a equipe reserva do time. Já The Sisters of Mercy, que regularmente ajuda nas finanças do clube, é um dos vários grupos que já gravaram músicas em homenagem ao time.

O St. Pauli criou uma filosofia de identidade ativista, punk e defensora da total tolerância e respeito entre as pessoas. E, ao firmar sua identidade para o mundo, muitas bandas se aliaram ao time, apoiando a causa e lançando estampas colaborativas. Assim, além de tocarem usando a camiseta do time em seus shows, participam ativamente do movimento.

A HS Merch dispõe em seu vasto catálogo, camisetas Oficiais e Licenciadas do time além de modelos colaborativos com as bandas Descendents, Rise Against, Dropkick Murphys e Refused.

Texto: Carolina Meirelles

O Merchandise Oficial e Licenciado do St. Pauli está disponível no Brasil com exclusividade somente na www.HSmerch.com.